Olha eu aqui de novo. Falando sobre você. De novo.
Só que dessa vez, não é com o mesmo amor de antes. Talvez seja o mesmo ódio de antes.
Já não sinto mais suas mãos sobre minha pele ao amanhecer. Muito menos divido meu espelho com você. Já não sinto sua respiração ofegante sobre meu rosto. Muito menos tuas pernas entrelaçadas nas minhas. Já não ouço tua voz do outro lado da linha mentindo pra mim dizendo que está presa em uma reunião ou no trânsito na volta pra casa. Muito menos ouço tua voz cantando ao pé do ouvido no meio da noite. Já não toco mais teu corpo ao meio da noite implorando teu corpo junto ao meu. Muito menos lhe agarro pela cintura lhe implorando um beijo teu.
Só que dessa vez, não é com o mesmo amor de antes. Talvez seja o mesmo ódio de antes.
Já não sinto mais suas mãos sobre minha pele ao amanhecer. Muito menos divido meu espelho com você. Já não sinto sua respiração ofegante sobre meu rosto. Muito menos tuas pernas entrelaçadas nas minhas. Já não ouço tua voz do outro lado da linha mentindo pra mim dizendo que está presa em uma reunião ou no trânsito na volta pra casa. Muito menos ouço tua voz cantando ao pé do ouvido no meio da noite. Já não toco mais teu corpo ao meio da noite implorando teu corpo junto ao meu. Muito menos lhe agarro pela cintura lhe implorando um beijo teu.
Já não sinto. Já não ouço. Já não vejo. Já não toco. Já não vivo.
Todas as minha sensibilidades ficaram em você.
Ao sentir algo, lembro de tuas mãos. Ao ouvir alguma voz, lembro logo de você. Ao ver alguém, logo vejo você. Ao tocar algo, toco você.
Você impregnou em mim e logo agora que eu estva me acostumando com isso, logo agora, que eu estava começando a me acostumar e ao mesmo tempo me desapegar a tudo isso você volta. Você volta de novo. Pra me amar, pra dizer palavras que me deixam sem chão. Pra estar comigo. E mais uma vez dividir a vida comigo.
Logo agora, que eu parei de acorda cinco e meia da manhã pra ver você se arrumar para o trabalho. Logo agora, que eu parei de ficar sentada no sofá observando como tira os sapatos, como amarra os cabelos, como ajeita a saia, como mexe nos olhos.
Logo agora. Logo agora, que eu desisti de te esperar á beira da janela no meio da tarde. Você volta. Você volta pra me despentear, me desarrumar, me deixar sem chão, sem apoio, sem razão. Logo agora, que eu resolvi me arrumar para um outro amor sem você, você volta.
Logo agora. De novo. Você volta.
E toda a vez que você volta, você volta sempre no mesmo horário. No final da tarde, eu, sentada á frente do computador vendo nossas fotos, um copo de whisky na mão e na outra segurando um free. Meu rosto lavado por lágrimas. Logo agora, de novo, você volta e as enxuga. Toma o copo de minha mão, termina meu último gole de whisky. Traga a última ponta do meu free. Me pega pelo rosto e me beija. E logo agora, que seu lado da cama está arrumado, você volta volta pra desarrumar, Logo agora que limpei minhas mãos você volta com uma aliança, seu nome, uma data. Pega em minha mão coloca o anel e como se já soubesse a minha resposta, você não pergunta, você apenas afirma, vamos nos casar. De novo.